Empresas se antecipam a projeto de lei e ampliam licença-maternidade
Publicada em 20/08/2007 às 11h44m
Ione Luques - O Globo Online -RIO
A paulista Áurea Maria Leite de Paula conseguiu amamentar o filho Lucas quase que exclusivamente com seu leite até perto de o bebê completar o sexto mês de vida, introduzindo outros alimentos pouco antes de retornar ao trabalho. Hoje, com nove meses de idade, Lucas é um bebê saudável, alegre e cheio de energia. Áurea foi uma das beneficiadas pelo Projeto Cegonha, implantado em 2002 pela Phito Fórmulas, farmácia de manipulação sediada na cidade de Sorocaba (SP), que, entre outros benefícios, inclui a ampliação da licença-maternidade. O tema ganhou força, no início de agosto, durante o lançamento nacional da Semana Mundial de Amamentação, quando o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defendeu a idéia, lançada e defendida pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Apesar de o projeto de lei da senadora Patrícia Saboya (PSB-CE) ainda estar em discussão no Congresso, com votação prevista ainda para este ano, muitas mulheres já desfrutam do benefício, tanto em empresas privadas, como no serviço público.
( Veja a lista de estados e municípios que já aumentaram a licença.)
Na Phito Fórmulas, o Projeto Cegonha visa proporcionar benefícios à mulher além dos previstos por lei durante a gestação. Os auxílios começam a partir do terceiro mês, quando a gestante passa a ser acompanhada por nutricionista, ginecologista, fisioterapeuta e endocrinologista, além de participar de um ciclo de palestras e orientações sobre os processos e mudanças no período gestacional. No sétimo mês, a gestante trabalha apenas meio período. Essa postura foi adotada por dois motivos: primeiro, para que todos os cuidados necessários, antes do nascimento do bebê, sejam tomados com tempo e tranqüilidade e, segundo, para que o departamento em que a colaboradora trabalha se adapte com a ausência da profissional.
No oitavo mês, a Phito oferece à gestante uma licença, mas a futura mamãe continua a receber o salário e todos os benefícios normalmente. Após o nascimento do bebê, além dos quatro meses garantidos pela legislação, com o projeto, as funcionárias da Phito podem ampliar sua licença por mais 60 dias, até o sexto mês de vida do bebê, recebendo o salário integral.
Projeto garante estabilidade
Desde sua implantação, o programa já beneficiou nove colaboradoras, entre elas Áurea, que está há três anos na empresa. Ela conta que o projeto trouxe estabilidade e apoio nesse momento de muita insegurança, além de possibilitar tempo para todos os preparativos.
- Contamos com apoio de psicólogos, a quem recorremos quando tínhamos dúvidas ou qualquer neurose em relação à gravidez. Também somos orientadas por nutricionistas, que nos ajudam a cuidar da alimentação antes e depois do nascimento do bebê, e, indiretamente, beneficiar o desenvolvimento do nosso filho - diz Áurea.
" Ao cuidar e amamentar seus filhos por mais tempo, elas retornam ao trabalho com mais segurança e motivação. Essa ação certamente ajuda a reter nossos talentos. "
Quanto ao temor de sua vaga ser preenchida durante um período tão longo de afastamento, Áurea disse que foi tranqüilizada pela diretoria. Ela foi chamada para conversar pela farmacêutica-chefe e pelo dono da empresa, que garantiram que seu retorno à empresa dependia exclusivamente dela.
-Tive um pouco de medo, sim. Mas eles me deixaram bem à vontade. Disseram que não sabiam como estaria minha cabeça após ficar com o neném em casa, mas que meu emprego estava garantido. Recebi todo o apoio da empresa, o que me tranqüilizou bastante. Após a licença, retomei meu trabalho normalmente.
Para Sérgio Benites, proprietário da Phito, o programa traz retorno para a empresa e satisfação ao colaborador, o que reflete diretamente no desempenho da equipe.
Motivação
No Estado do Rio de Janeiro, uma das empresas a prorrogar o período de licença-maternidade foi a Ampla Energia e Serviços S.A.. Desde abril deste ano, todas as funcionárias passaram a ter o direito de desfrutar de 150 dias para amamentar o filho recém-nascido. O acordo entre a empresa e a funcionária é feito individualmente e a extensão da licença é opcional. Os pais também não foram esquecidos e ganharam o direito de ter uma licença um pouco maior do que a permitida por lei: sete dias úteis.
A Ampla entende que o estímulo e a satisfação de seus funcionários - e aí inclui-se a extensão da licença-maternidade - são indispensáveis para o desenvolvimento e progresso da companhia. Neste caso, as mães retornam do período de licença "estendido" mais seguras com relação à saúde e bem-estar do bebê e em condições plenas para realizarem suas funções. Além disso, estima-se que as ausências por causa de doenças e outros problemas com os filhos acabem diminuindo. O período extra em que a mãe fica com o filho traz inúmeros benefícios aos dois, principalmente para a saúde do bebê, que acaba sendo amamentado naturalmente por mais tempo.
- A licença-maternidade ampliada foi muito importante para mim, já que a neném nasceu um mês antes. Vou poder amamentar mais tempo. Será super importante para o crescimento da neném - afirma Renata Scorzelli, especialista em planejamento estratégico, uma das beneficiadas com a prorrogação do benefício.
Outra empresa a abraçar a idéia foi a CAM Brasil, pertencente ao grupo Endesa Espanha e especializada em soluções tecnológicas no campo metrológico, de automação e engenharia, com unidades em São Gonçalo (RJ) e em Fortaleza (CE). Desde o segundo semestre de 2006, suas funcionárias vêm usufruindo da licença-maternidade ampliada para seis meses, idéia que recebeu total apoio entre funcionárias e chefias. Um dos motivos que levou a empresa a pensar em prorrogar o prazo da licença foi o fato de estar instalada, principalmente a unidade do Rio de Janeiro, em uma região carente de serviços.
Para que o benefício seja concedido, as chefias se planejam com antecedência para o tempo que ficarão sem a funcionária, remanejando suas funções. A funcionária, por sua vez, sente-se motivada e feliz, por sentir que a empresa se preocupa e está investindo nela e em seu bem-estar.
- Para as empresas em geral, num primeiro momento, pode parecer que se está perdendo tempo e produção. Na verdade, é um tempo ganho, tanto para a mãe e seu filho, quanto para a empresa, que terá uma colaboradora mais comprometida e feliz. Ao cuidar e amamentar seus filhos por mais tempo, elas retornam ao trabalho com mais segurança e motivação. Essa ação certamente ajuda a reter nossos talentos. E caminhamos nessa direção - afirma Adriana Senfft, gerente de Marketing Institucional da CAM Brasil.
A mesma opinião é compartilhada por Kellenn Osmídio, gerente de Gestão de Pessoas da Masa da Amazônia, empresa da área de plásticos e resinas, eleita "A Melhor Empresa para se Trabalhar no Brasil" em 2006, segundo o ranking da Revista Exame -Você S/A. Segundo ela, muitas empresas acreditam que a prorrogação da licença pode ser prejudicial, mas é justamente o contrário.
- Só tivemos bons resultados. Temos provas práticas que é muito melhor, tanto para a mãe, quanto para o bebê. Tendo a certeza de que o filho está bem, a funcionária volta ao trabalho mais aliviada e comprometida, o que reflete na sua produtividade.
Ela enfatiza que, depois da implantação do Programa de Orientação às Gestantes - do qual uma das ações é a licença-maternidade de seis meses - em maio de 2006, o absentismo diminuiu e a produtividade aumentou. Até o momento, 40 funcionárias da Masa da Amazônia foram beneficiadas com o projeto.
Ione Luques - O Globo Online -RIO
A paulista Áurea Maria Leite de Paula conseguiu amamentar o filho Lucas quase que exclusivamente com seu leite até perto de o bebê completar o sexto mês de vida, introduzindo outros alimentos pouco antes de retornar ao trabalho. Hoje, com nove meses de idade, Lucas é um bebê saudável, alegre e cheio de energia. Áurea foi uma das beneficiadas pelo Projeto Cegonha, implantado em 2002 pela Phito Fórmulas, farmácia de manipulação sediada na cidade de Sorocaba (SP), que, entre outros benefícios, inclui a ampliação da licença-maternidade. O tema ganhou força, no início de agosto, durante o lançamento nacional da Semana Mundial de Amamentação, quando o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defendeu a idéia, lançada e defendida pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Apesar de o projeto de lei da senadora Patrícia Saboya (PSB-CE) ainda estar em discussão no Congresso, com votação prevista ainda para este ano, muitas mulheres já desfrutam do benefício, tanto em empresas privadas, como no serviço público.
( Veja a lista de estados e municípios que já aumentaram a licença.)
Na Phito Fórmulas, o Projeto Cegonha visa proporcionar benefícios à mulher além dos previstos por lei durante a gestação. Os auxílios começam a partir do terceiro mês, quando a gestante passa a ser acompanhada por nutricionista, ginecologista, fisioterapeuta e endocrinologista, além de participar de um ciclo de palestras e orientações sobre os processos e mudanças no período gestacional. No sétimo mês, a gestante trabalha apenas meio período. Essa postura foi adotada por dois motivos: primeiro, para que todos os cuidados necessários, antes do nascimento do bebê, sejam tomados com tempo e tranqüilidade e, segundo, para que o departamento em que a colaboradora trabalha se adapte com a ausência da profissional.
No oitavo mês, a Phito oferece à gestante uma licença, mas a futura mamãe continua a receber o salário e todos os benefícios normalmente. Após o nascimento do bebê, além dos quatro meses garantidos pela legislação, com o projeto, as funcionárias da Phito podem ampliar sua licença por mais 60 dias, até o sexto mês de vida do bebê, recebendo o salário integral.
Projeto garante estabilidade
Desde sua implantação, o programa já beneficiou nove colaboradoras, entre elas Áurea, que está há três anos na empresa. Ela conta que o projeto trouxe estabilidade e apoio nesse momento de muita insegurança, além de possibilitar tempo para todos os preparativos.
- Contamos com apoio de psicólogos, a quem recorremos quando tínhamos dúvidas ou qualquer neurose em relação à gravidez. Também somos orientadas por nutricionistas, que nos ajudam a cuidar da alimentação antes e depois do nascimento do bebê, e, indiretamente, beneficiar o desenvolvimento do nosso filho - diz Áurea.
" Ao cuidar e amamentar seus filhos por mais tempo, elas retornam ao trabalho com mais segurança e motivação. Essa ação certamente ajuda a reter nossos talentos. "
Quanto ao temor de sua vaga ser preenchida durante um período tão longo de afastamento, Áurea disse que foi tranqüilizada pela diretoria. Ela foi chamada para conversar pela farmacêutica-chefe e pelo dono da empresa, que garantiram que seu retorno à empresa dependia exclusivamente dela.
-Tive um pouco de medo, sim. Mas eles me deixaram bem à vontade. Disseram que não sabiam como estaria minha cabeça após ficar com o neném em casa, mas que meu emprego estava garantido. Recebi todo o apoio da empresa, o que me tranqüilizou bastante. Após a licença, retomei meu trabalho normalmente.
Para Sérgio Benites, proprietário da Phito, o programa traz retorno para a empresa e satisfação ao colaborador, o que reflete diretamente no desempenho da equipe.
Motivação
No Estado do Rio de Janeiro, uma das empresas a prorrogar o período de licença-maternidade foi a Ampla Energia e Serviços S.A.. Desde abril deste ano, todas as funcionárias passaram a ter o direito de desfrutar de 150 dias para amamentar o filho recém-nascido. O acordo entre a empresa e a funcionária é feito individualmente e a extensão da licença é opcional. Os pais também não foram esquecidos e ganharam o direito de ter uma licença um pouco maior do que a permitida por lei: sete dias úteis.
A Ampla entende que o estímulo e a satisfação de seus funcionários - e aí inclui-se a extensão da licença-maternidade - são indispensáveis para o desenvolvimento e progresso da companhia. Neste caso, as mães retornam do período de licença "estendido" mais seguras com relação à saúde e bem-estar do bebê e em condições plenas para realizarem suas funções. Além disso, estima-se que as ausências por causa de doenças e outros problemas com os filhos acabem diminuindo. O período extra em que a mãe fica com o filho traz inúmeros benefícios aos dois, principalmente para a saúde do bebê, que acaba sendo amamentado naturalmente por mais tempo.

Outra empresa a abraçar a idéia foi a CAM Brasil, pertencente ao grupo Endesa Espanha e especializada em soluções tecnológicas no campo metrológico, de automação e engenharia, com unidades em São Gonçalo (RJ) e em Fortaleza (CE). Desde o segundo semestre de 2006, suas funcionárias vêm usufruindo da licença-maternidade ampliada para seis meses, idéia que recebeu total apoio entre funcionárias e chefias. Um dos motivos que levou a empresa a pensar em prorrogar o prazo da licença foi o fato de estar instalada, principalmente a unidade do Rio de Janeiro, em uma região carente de serviços.
Para que o benefício seja concedido, as chefias se planejam com antecedência para o tempo que ficarão sem a funcionária, remanejando suas funções. A funcionária, por sua vez, sente-se motivada e feliz, por sentir que a empresa se preocupa e está investindo nela e em seu bem-estar.
- Para as empresas em geral, num primeiro momento, pode parecer que se está perdendo tempo e produção. Na verdade, é um tempo ganho, tanto para a mãe e seu filho, quanto para a empresa, que terá uma colaboradora mais comprometida e feliz. Ao cuidar e amamentar seus filhos por mais tempo, elas retornam ao trabalho com mais segurança e motivação. Essa ação certamente ajuda a reter nossos talentos. E caminhamos nessa direção - afirma Adriana Senfft, gerente de Marketing Institucional da CAM Brasil.
A mesma opinião é compartilhada por Kellenn Osmídio, gerente de Gestão de Pessoas da Masa da Amazônia, empresa da área de plásticos e resinas, eleita "A Melhor Empresa para se Trabalhar no Brasil" em 2006, segundo o ranking da Revista Exame -Você S/A. Segundo ela, muitas empresas acreditam que a prorrogação da licença pode ser prejudicial, mas é justamente o contrário.
- Só tivemos bons resultados. Temos provas práticas que é muito melhor, tanto para a mãe, quanto para o bebê. Tendo a certeza de que o filho está bem, a funcionária volta ao trabalho mais aliviada e comprometida, o que reflete na sua produtividade.
Ela enfatiza que, depois da implantação do Programa de Orientação às Gestantes - do qual uma das ações é a licença-maternidade de seis meses - em maio de 2006, o absentismo diminuiu e a produtividade aumentou. Até o momento, 40 funcionárias da Masa da Amazônia foram beneficiadas com o projeto.
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