Até quando amamentar?
Esta é uma questão que angustia muitas mães, pais, profissionais de saúde; causa de polêmica pelos aspectos fisiológicos, culturais, psicológicos, sexuais, comerciais envolvidos...
Atualmente estamos recuperando a cultura da Alimentação ao Seio e respaldados por estudos científicos recomendamos que o aleitamento materno se dê de forma exclusiva até os 4-6 meses, de acordo com o
crescimento e desenvolvimento do bebê e as condições de vida e trabalho da mulher. Preconizamos que nenhum outro leite seja introduzido, e que o bebê "vá do peito para os alimentos da família" ; ou seja as mamadas ao seio continuam pelo menos no café-da-manhã e à noite (ceia e de madrugada).
O ideal que esta "dieta" se prolongue durante o segundo ano de vida, por possibilitar uma proteção imunológica inigualável e uma fonte riquíssima de proteínas de alto valor biológico, de vitaminas – principalmente A e C, de energia (calorias) que lhe permitirá um crescimento ótimo, mesmo com uma frequência grande de infecções respiratórias agudas, diarreias e viroses tão comuns neste período...
"Todos os lactentes deveriam ser alimentados exclusivamente ao peito desde o nascimento até os 4-6 meses de idade. Posteriormente as crianças deveriam seguir sendo amamentadas, recebendo ao mesmo tempo
alimentos complementares apropriados e em quantidades suficientes, até os 2 anos ou mais."
OMS/UNICEF – Declaração de Innocenti – 1 de agosto de 1990.
O desmame é um processo que se inicia quando além do Leite Materno um outro alimento é dado, e se completa quando se cessa totalmente a alimentação ao seio. É um momento de "crise" familiar, no sentido de
que significa uma nova forma de relacionamento entre mãe e bebê – muitas vezes ela tem dificuldade de dar outros alimentos (porque é uma nova habilidade que precisa ser aprendida) e ele necessita se alimentar de uma nova forma, aprendendo a receber pela colher alimentos pastosos, mastigar e deglutir, e entender que apesar do "não seio", não está sendo rejeitado por sua mãe.
A amamentação significa alimento, carinho e comunicação, e o desmame é um fase de aprendizagem mútua para chegar a estas 3 coisas sem o peito.
Carlos Beccar Varela
Na nossa sociedade, atualmente ainda é mal visto os bebês maiores de um ano estarem mamando no peito. A pressão social do marido, das avós, das amigas e às vezes até do pediatra deixam a mãe insegura.
Acusam-na de que o bebê irá se atrasar em seu desenvolvimento e que se tornará um "materno-deependente"... Esta mensagem além de geradora de culpa é uma falácia: os bebês amamentados no segundo ano de vida, com a introdução correta e oportuna dos alimentos complementares são mais maduros e independentes que os demais. Com o desenvolvimento da criança, a necessidade de maternagem não diminui tanto, somente se transforma.
Evite o desmame abrupto ele é extremamente traumático para toda a família e isto ainda é comum: algumas mães deixam de dar o peito de uma hora para outra, com soluções drásticas como dormir fora, ou aplicar produtos desagradáveis nos seios. Quando perde o peito de repente, o bebe se sente desolado, sofrendo uma perda, e a mulher, se não ordenha os seus seios com regularidade nesta fase pode ocorrer obstruções, ingurgitamento que podem se complicar evoluindo para uma mastite.
O desmame deve ser natural, consensual, acordado entre mãe-bebê-pai, isto é, haverá um tempo e um ritmo próprio, um período da vida da mãe e do bebê em que ambos aprendem a dar e receber comida, conchego e se comunicarem de uma maneira nova, que não com os seios. Evite iniciar este processo em um momento de vida conturbado, ou seja, ao inicia-lo na pré-escola, quando você volta ao trabalho, separação dos pais, no caso dele ou algum familiar estiver enfermo... ou qualquer situação de grande mudança...
No segundo ano de vida a criança necessita de outros estímulos: brincar, cantar, dançar... adquire destrezas motoras, e começa o linguajar – que é uma poderosa ferramenta de comunicação afetiva. Quando uma criança está em um ambiente seguro, rico em estímulos, recebe carinho e atenção também do pai, ele está mais apto ao desmame total com facilidade.
Caso a criança não dá sinais de querer desmamar-se e o casal decide que "a hora é esta", tente aplicar alguns conselhos que adaptamos da La Leche League International:
DICAS PARA AJUDAR A MÃE QUE DESEJA O DESMAME TOTAL
1. Não recuse dar o peito, mas também não o ofereça. Esta técnica permite uma redução gradual no número de mamadas, sem forçar e sem magoar ambos. Pode não ser suficiente, e aí você tem que adotar novos passos.
2. Entre em um acordo com o seu filho sobre onde e quando pode amamentá-lo. Por exemplo: limite as mamadas a lugares privados de sua casa ou na casa de amigos.
3. Procure diminuir a duração de cada mamada. Depois de uma mamada curta, dê a seu filho um brinquedo interessante ou sugira alguma atividade que ele particularmente goste.
4. Distraia seu filho antes do momento acostumado de mamadas pouco importantes. Isto traz inovação e requer ajuda do pai ou de algum outro familiar. Os pais podem apresentar distrações muito interessantes. As mamadas mais importantes, como a de antes de dormir, são as últimas a serem deixadas.
5. Comece a evitar os lugares favoritos do bebê, tradicionais de amamentá-lo.
6. Reforce e premie (sem fazer chantagem) cada não mamada. Um alimento favorito, um passeio na praça, uns abraços extras ou agradecer-lhe todo o seu carinho, reforça a amamentação e acelera o processo de desmame total.
7. Diga claramente a ele que você não quer dar mais o peito, que ele já é um menino crescido, quase um homenzinho e não fica bem mamar no peito, porque isto é coisa de bebês. Esclareça que você continuará
amando-o muito e dando atenção e carinho a ele – eles entendem bem. Pergunte a ele, o que ele acha disso.
Referências:
Varela, C B – "Lactancia feliz – como prepararse para amamantar a su hijo" Grupo Editorial Planeta, Buenos Aires, 1995.
Varela, CB – "Destete" in Lactancia Materna – guia profesional, Buenos Aires, Doyma Editorial, 1993
Froelich, E – "Algumas ideas sobre el destete" Riordan, J – "Weaning" in A practical guide to Breastfeeding. St. Louis, The C.V. Mosby Company, 1983.
Mohrbacher, N & Stock, J. – "Weaning" in Breatfeeding Answer Book. Franklin Park, Illinois, La Leche League International, 1991.
Autor: Prof. Marcus Renato de Carvalho
nossa com é bom ler hoje u ia fazer uma besteira eu tenho uma bebe de 6 meses e la só mama no peito e mais nada
ResponderExcluirbom eu ia deixa ela dormi com minha mae
pra ver se ela pega mamadeira pra
mas depois de ler este texto resolvbir nao fazer isso com ela
bom é isso obrigada beijosss
Eu só tenho a agradecer, estou com minha filha de 2 anos e 1 mês, para variar mamando no peitooo único leite que conhece. Ainda não teve gripe, infecções respiratórias agudas, diarreias e viroses. Pediatra só foi em consulta de rotina para pesar e medir :)!
ResponderExcluirÉ também verdade minha menina é super independente na alimentação (se alimenta sozinha como de tudo, menos carne vermelha por opção minha) e também nas brincadeiras.
E adorei as dicas para o desmane na hora certa e acredito que vai ser bem natural.
O importante é dedicação e acreditar sobre a importancia da AMAMENTAÇÃO. TODA TEORIA EU COMPROVEI NA PRÁTICA.