Consultora ajuda mães na hora de amamentar.

Dificuldade na lactação é comum; trabalho evita desmame precoce.

Karina Toledo



Campanhas de incentivo ao aleitamento materno costumam mostrar mulheres que sorriem tranquilas enquanto alimentam seu bebê. Dezessete dias após dar à luz a filha Larissa, a administradora Yuri Nakagawa consegue se identificar com a cena - o que lhe parecia improvável há menos de uma semana.

"Pensava que amamentar era algo natural e intuitivo, como encaixar um plugue na tomada", diz Yuri. "Ainda na maternidade, colocava Larissa no peito e achava que ela estava mamando, até que uma enfermeira disse que ela, na verdade, sugava a própria língua."

Depois de chegar em casa com fissuras nos dois mamilos e passar três noites em claro, chorando de dor a cada mamada e preocupada com a filha que já mostrava sinais de desidratação, Yuri seguiu o conselho de um pediatra e procurou uma consultora de lactação. "Quando ela me disse que com a pega correta não sentiria dor, mesmo com o peito machucado, não acreditei. Primeiro ela se preocupou em alimentar minha filha e depois em me ensinar como fazê-lo. Após 40 minutos mamando, Larissa parecia embriagada, pela primeira vez ela estava realmente saciada", conta.

O treinamento continuou por mais de uma semana, até que Yuri se sentisse segura para alimentar a filha. "Fizemos exercícios para ensinar Larissa a posicionar a língua. Tive de aprender a forma certa de segurá-la no colo e de colocar o bico em sua boca. Precisei me familiarizar com os barulhos e movimentos que indicam a pega correta. Não é nada intuitivo", diz.

Dificuldades no início do aleitamento são comuns e a forma como os profissionais de saúde lidam com elas é fundamental para evitar o desmame precoce, afirma Luciano Santiago, da Sociedade Brasileira de Pediatria. "Mas treinar a pega correta, ensinar a mãe a ordenhar são tarefas que demandam um tempo que a maioria dos enfermeiros e pediatras das maternidades não têm", complementa.

A enfermeira Miriam Leal conta que aprendeu muito pouco sobre técnicas de amamentação na faculdade. "Só fui procurar cursos sobre o assunto depois que não consegui amamentar meu primeiro filho", revela.

Há 20 anos ela começou a atuar como consultora de lactação por acaso. "Via as mães que eu atendia na maternidade enfrentar os mesmo problemas que eu tive. Uma delas me perguntou quanto eu cobrava para ir até sua casa ajudar. Nunca tinha pensado nisso, mas ela insistiu e eu fui." Hoje Miriam atende cerca de 120 mulheres ao ano.

A enfermeira afirma que a maior parte dos problemas surge por dificuldades dos bebês. "Alguns não sabem nem procurar o peito. Outros não conseguem coordenar sucção, respiração e deglutição. Às vezes o bebê já nasce atleta, mas a maioria para no meio da mamada por exaustão e acorda com fome uma hora depois. Se a mãe não for bem orientada, tende a achar que seu leite é fraco", diz.

Natural do sertão de Alagoas, Josefa Maria da Fonseca hoje trabalha como consultora de lactação em São José dos Campos, a 90 km da capital. "Foi horrível amamentar meu primeiro filho. Eu gritava de dor. Meu marido chegou a comprar uma lata de leite em pó, mas minha mãe a tirou de minha mão e disse que se ela havia amamentado nove filhos então eu tinha de aguentar. Depois calejava. Mas eu não me conformava que era assim", conta.

A experiência acumulada nos cursos e nos anos de atendimento às gestantes da rede pública lhe mostraram que sua intuição estava certa. É possível amamentar com prazer.

"Lembro de uma paciente que me procurou chorando e me mostrou os seios cheios de feridas. Ao lado, a mãe dizia que era assim mesmo. Quando eu coloquei o bebê para mamar corretamente, ela gritou: "não dói, não dói". Em seguida chorou, mas desta vez de alegria."

Os serviços de uma especialista em amamentação custam cerca de R$ 200 por consulta. Mas diversas ONGs no País oferecem esse tipo de aconselhamento de forma gratuita. Os bancos de leite humano também costumam ajudar as mulheres que os procuram.

Em: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100228/not_imp517269,0.php

Comentários

  1. Olá! Primeiramente parabéns pelo blog. Eu tenho uma menininha de 1 ano e 1 mês e não tive problemas de amamentá-la. Mas uma amiga, mãe de uma bebê de 10 dias, está tendo. Além de sentir MUITA dor ela não está conseguindo amamentar a filha direito pois a filha não pega o bico (mama somente com bico de silicone). O que vocês sugerem que ela faça? Aguardo respostas!
    Obrigada, Talita

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  2. Ah sim... e outra dúvida, vocês conhecem alguma especialista em lactação que atenda em SP, na zona sul? Obrigada!

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  3. Boa Tarde,

    Tenho tido dificuldades em amamentar minha filha, tenho o bico do seio plano e não consigo fazr a pega correta. nem com o uso do bico de silicone e acho que é devido a isso que ela não se alimenta corretamente pois mesmo depois de 1 hora no peito ela ainda tem fom, fora que machuca o meu bico. Se puderem me ajudar e tambem indicar aguem que possa me auxiliar pessoalmente eu agradeceria muito, uma vez que tenho lido muito e tentado muito mas não acerto a pega. Muito obrigada!!

    Conhecem alguém que atenda na ZN de São Paulo?? Obrigada

    email: capuano@iol.pt ou nanda_mac@yahoo.com.br

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  4. Fernanda, pedi uma consultora para te visitar, dê notícias! Grata.

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  5. Rebeca help..meu bb hoje esta fazendo 26 dias.ele nasceu prematuro e ficou na UTI por 14 dias lá não consegui amamentar, devido a sonda que ele tinha na boca e pior o clima do hospital..hoje graças a Deus estamos em casa porém não consigo amamentar tenho leite ..mas como na UTI ele mamava na mamadeira..fica nervoso ao ter que pegar no seio. Será que ainda tem jeito de eu conseguir amamentar? vc conhece alguma consultora no ABC..desde já agradeço..Paty mamãe meio frustada..kk patricia_gomes19@yahoo.com.br

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